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Leleu | As Bruxas de Bass Rock: a força feminina vista de dentro
As Bruxas de Bass Rock é uma obra cheia de gritos silenciosos
O livro As Bruxas de Bass Rock intercala a existência de três mulheres que parecem perdidas, mas que têm muito a contar.
Entre a vida moderna e atual de Viviane, a busca de aceitação de Ruth e os mistérios de Sarah, a autora guia o leitor por uma história curiosa. As três são versões enlutadas de mulheres fortes que já foram.
Viviane vive nos dias de hoje, cuida e cataloga as coisas de Ruth na mansão abandonada na beirada escocesa. Sua amizade recente com Maggie, uma mulher misteriosa e autointitulado bruxa, abre os olhos para alguns fatos horripilantes sobre a cultura machista.
Enquanto isso, nos resquícios da Segunda Guerra, Ruth se força a ser a esposa perfeita de um viúvo pai de dois filhos. Ao lado da governanta/empregada da casa, Betty, o protagonismo de Ruth se mescla ao cenário mais caótico de uma vizinhança suspeita.
Em 1700, Sarah é acusada de bruxaria e tem seus dias contados e visitados pelos fantasmas da fuga. Ajudada pela família do clérigo local e de uma viúva desesperada por protegê-la, Sarah entende os problemas de se nascer mulher em um mundo masculino.
Gatilhos
As Bruxas de Bass Rock não é um livro fácil de se lidar. E esse é o aviso inicial.
A obra acumula pontos fortes sobre debates que perseguem o sexo feminino desde antes da inquisição. Ser queimada na fogueira era algo acessível aos homens que decidiam o que poderia existir em suas terras ou não. E esse ciclo se repete.
Precisamos lembrar que o livro conta com gatilhos sobre estupro, feminicídio, gaslighting e relações abusivas, além de algumas descrições bem gráficas sobre morte.
Evie Wyld foi cirúrgica ao escrever um roteiro tão certeiro sobre essas crises sociais que enfrentamos hoje. E ainda mais cirúrgica ao deixar claro como nenhuma delas é novidade, apesar de serem discutidas mais abertamente apenas recentemente.
Mistério e bruxaria
Se você está com medo de ler a obra porque acha que vai encontrar cenas de bruxaria: fique em paz. Apesar de o livro de chamar As Bruxas de Bass Rock, o foco do nome é fazer referência ao fato de que ser uma mulher que não segue os padrões já pode ser um crime.
Sarah era ruiva, Ruth era a segunda esposa e Viviane tem um passado conturbado. Tudo isso conta na inquisição social, seja no tempo que for.
Quanto ao mistério: a obra tem muitos. As relações que interligam essas três histórias demoram a surgir, o que nos causa tensão. A existência do casarão em um lugar tão isolado, a presença de um fantasma na mansão Hamilton e os rituais sociais da sociedade local pós guerra são cenários e tramas perfeitas para quem gosta de mistério.
Opinião da Redação
As Bruxas de Bass Rock é um livro apaixonante! E não somente por ser um livro feminista em um caos tão absurdo na nossa realidade atual, mas porque ele é realmente bem feito.
Apesar da tradução feita pela DarkSide ter sofrido algumas faltas de palavras – e vale informar isso para quem se preocupa com a possibilidade de isso interferir na leitura -, a essência está ali de forma crua. E explícita.
Evie Wyld foi monumental, e faz jus aos prêmios que recebeu. E claro: catapultou a visão feminina de um cenário real, analisada pela visão feminina e não por liturgias ilusórias das mãos masculinas.
Os gritos silenciosos ressoam na obra toda, em trechos inteiros e chamativos, em explorações claras sobre o peso da vida. Tudo acontecer em Bass Rock, uma ilha real e pedregosa, abandonada no mar escocês com um castelo sinistro, só melhora o contexto macabro.
O teor provocativo evoca algo de Emily Brontë em O Morro dos Ventos Uivantes com provocações sociais saídas direto dos discursos vistos na internet dos dias de hoje. Ou seja: é um sucesso absoluto.
E aí: você curte esse tipo de livro? Vai debater com a gente sobre esses temas lá no Instagram. E continue aqui no Le Ferrarez para mais coisas sobre o universo do entretenimento.
Foto de capa: divulgação/Amazon
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