Quase tão famosa quanto Charles Manson é a ligação do assassino e líder de seita com a música dos Beatles. Mais especificamente com “Helter Skelter”. O mandante da morte da atriz Sharon Tate, que estava grávida, e de tantas outras pessoas inocentes acreditava que a faixa trazia mensagens subliminares, bem como o restante do White Album, lançado em 1968.

Manson e os seguidores da sua Família acreditavam numa guerra apocalíptica surgida das tensões raciais entre os negros e os brancos nos Estados Unidos. E essa revolução, que “previa a derrubada violenta do homem branco”, seria chamada de Helter Skelter. Manson jurava que a tal guerra teria sido cantada pelos profetas John, Paul, George e Ringo ao longo desta e de outras músicas do álbum — mesmo que de forma inconsciente.

Ex-seguidora da Família, a seita capitaneada por Manson, Catherine Share relembrou em um documentário: “Quando o White Album, dos Beatles, foi lançado, Charlie o ouviu repetidamente. Ele tinha certeza de que os Beatles haviam tocado em seu espírito com a verdade: que tudo iria ruir e o homem negro iria se levantar”, explicou. Para Manson, havia uma ligação espiritual entre ele e os quatro rapazes de Liverpool.

“Charlie pensou que os Beatles estavam falando sobre o que ele vinha expondo há anos. Em cada música do White Album, ele sentiu que eles estavam cantando sobre nós”, completou. Parte da música teria sido usada por Manson para traçar a rota de fuga que a seita tomaria para esconder-se no deserto quando Helter Skelter começasse no verão de 1969, desencadeada por um novo álbum do próprio Manson.

Na cabeça de Manson, os próprios Beatles clamaram por isso na letra de “I Will”. “E quando finalmente eu te encontrar/ Sua música encherá o ar/ Cante alto para que eu possa te ouvir / Faça com que seja fácil estar perto de você…”. A pretensão de Manson era lançar um álbum instruindo os Beatles — supostamente a pedido deles nas tais mensagens musicais que ele jurava receber!!! — a como proceder quando a guerra começasse.

Manson, aliás, costumava dizer por aí, como testemunhado por ex-integrantes da Família, que “se tivesse a chance, ele poderia ser muito maior que os Beatles“. Durante seus delírios violentos, membros da seita enviaram cartas, telegramas e telefonemas pedindo para que o grupo inglês se juntasse a eles na Califórnia, num périplo que eles batizaram de Magical Mystery Tour, como no álbum anterior da banda.

A ideia era fugir para o chamado Vale da Morte e se esconder num bunker subterrâneo enquanto o mundo lá fora entrava em colapso até poderem sair novamente e virarem líderes do planeta, em que seriam os únicos brancos.

Vários dos simbolismos usados por Manson em suas pregações e assassinatos teriam saído do White Album. Fossem as inscrições “pigs” nas paredes feitas com os sangues nas vítimas ou a cisma com o capítulo 9 do Apocalipse da Bíblia, que ele acreditava ter sido citado na faixa “Revolution”.

Uma análise detalhada sobre os crimes de Manson chega à DarkSide®

Um dos títulos mais pedidos nesses 13 anos de vida da DarkSide® Books finalmente chegou aos nossos arquivos Crime Scene. Prepare-se para reviver um dos casos criminais mais infames da história com Helter Skelter, de Vincent Bugliosi e Curt Gentry, uma obra-prima do true crime e um dos livros mais importantes do século.

Conheça o relato do promotor do caso sobre os assassinatos cometidos pela Família Manson em uma edição definitiva, que chega ao Brasil com tradução inédita, fotos exclusivas e o cuidado que os investigadores DarkSiders já conhecem. Helter Skelter é uma análise profunda e implacável sobre o poder da manipulação, a fragilidade da mente humana e o horror que pode surgir de um carismático líder de culto que sonhava em ser um astro de rock.