Leleu | Pudim: o protagonismo que a nova geração precisa

Entre tantos debates sobre peso e sociedade, “Pudim” é uma obra de arte

Com um enredo muito gracioso e clichê sobre a adolescência, “Pudim” segue o mesmo padrão de outros livros da autora: garotas gordas se apaixonando e provando que são mais do que a sociedade espera.

Intercalando capítulos em uma narrativa dupla, a história conta sobre duas garotas que têm o apelido de Pudim. Uma delas é Millie, uma adolescente gorda que está cansada de passar as férias de verão em um SPA para emagrecer, enquanto a outra é Callie, a garota popular é perfeitinha do colégio.

Entre idas e vindas, Callie se transforma em um monstrinho ainda mais venenoso, só para descobrir que pode ser tão incrível quanto Millie, e as duas criam uma amizade inesperada. Clichê? Sim. Mas com ressalvas…

Meninas malvadas

Regina George não seria nada perto de Callie. Afinal, ela não só se passa de boa moça para as pessoas da escola enquanto vive em um mundinho fútil e de intrigas, como também tem muita raiva e inveja que fervilham dentro de si. E quem leu “Dumplin’” pode se lembrar de como ela fez a vida da Willow um inferno.

Ao pior estilo “Meninas Malvadas”, Callie invade a academia do tio de Millie, junto com as outras meninas da equipe de dança, e causa depredação de propriedade privada jurando que vai sair ilesa. Mas o tiro faz a curva e não só ela é pega, como ela é a única a ser condenada aos serviços comunitários.

Tendo uma evolução interessante como personagem, Callie amadurece, perde a arrogância e descobre que amor e amizade valem mais do que a vida dos sonhos. Mas ela só chega lá depois de um show de má índole.

A verdadeira estrela

Enquanto Callie fica tentando resgatar a vida dos sonhos que inventou para si mesma, a verdadeira rainha do show é Millie, que usa de bom humor, companheirismo e força de vontade para conquistar seu lugar ao sol.

Para ela, o cara que ela paquera é o bastante, suas amigas fora do padrão são um tesouro sagrado e sua chance de conquistar seu espaço na TV é o objetivo. Mas diferente de Callie, Millie não quer ser famosa por ser, ela quer ser âncora do jornal televisivo e provar o seu valor.

Millie rouba a cena no próprio livro e conta uma história boa sobre si mesma, debatendo assuntos importantes e complexos, como relações familiares perfeitas demais e corpos que jamais serão parte do padrão.

2 pudins

Além do mesmo apelido, as protagonistas de “Pudim” são completos opostos. Millie aproveita os espaços que conquista para debater sobre obesidade, sobre padrões estéticos, expectativas românticas e famílias opressivas. Do outro lado da moeda, Callie tem voz para falar sobre sistemas hierárquicos sociais, politicagem adolescente, segurança de autoimagem e impunidade financeira.

Parece bobo, mas o roteiro apresentado por Julie Murphy nessa usa linguagem simplista para criticar problemas reais e abordar temas importantes em um looping de autocrítica social. Não apenas como uma mulher gorda que não confia em si mesma sempre, mas como um corpo que sempre chega antes do cérebro e da capacidade.

“Pudim” merece três livrinhos, e poderia merecer mais se não tivesse a questão de ter uma abordagem tão simplista sobre temas que renderiam muito mais. Mas vale lembrar que antes de qualquer outra coisa, a obra é uma comédia romântica focada no público adolescente e vai parar por aí.

Foto de capa – reprodução: Amazon

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malluamabili


Amante de arte, literatura e música. Escrevo uns romances por diversão e faço nail arts por amor.