Televisão
Do Que Riem?: confira coletiva de impressa sobre novo programa do Comedy Central
O programa Do Que Riem? estreia na televisão hoje (03) no Comedy Central e amanhã (04) no Paramount Plus
Hoje (03) estreia o novo programa do Comedy Central chamado Do Que Riem? que traz um formato com uma nova proposta para os conteúdos de humor.
Apresentado por Maurício Meirelles, o programa traz uma competição entre dois humoristas, Babu Carreira e Jhordan Matheus, que precisam criar piadas para fazer um específico nicho de pessoas rirem. Nesse grupo estão: vovós, seguranças, marombas, médicos, manicures e por aí vai.
Para contar como foi essa experiência e as expectativas do programa, nosso site participou da coletiva de imprensa com vários jornalistas que fizeram perguntas para Maurício, Babu e Jhordan. Você confere como foi abaixo:
A primeira pergunta foi para o apresentador do programa, Maurício Meirelles, sobre o que ele acha do novo programa e se é muito diferente do que ele já fez.
O humorista fala que o mais interessante sobre esse formato é que eles estavam finalmente fazendo um programa de Stand Up e que era a primeira vez que ele conseguia fazer algo do tipo.
“É a primeira vez que eu faço um programa exclusivo para o formato que eu amo muito que é o que o Jhordan faz muito bem e que a Babu também faz muito bem e eu não vejo muito formato de Stand Up na televisão e que você vê que explode no youtube, os próprios meninos que fazem Stand Up pelo Brasil inteiro, sempre com visualização para caramba, os especiais de comédia sempre vão muito bem. A gente já viu muita coisa de gincanas acontecendo na televisão aberta, o que não era muito legal, esse daqui é um programa que mostra o que a gente faz de melhor que é o texto específico para uma plateia e eu acho que isso foi o grande diferencial desse programa”, conta Meirelles.
Sobre a assunto mais atual do mundo da comédia que é o limite do humor, cada comediante deu sua opinião:
Babu começa dizendo: “Essa pergunta é muito complexa, mas eu começo dizendo que eu não acho que a opinião das pessoas em relação ao humor mudou, eu acho que elas só têm um acesso mais facilitado para se expressarem a respeito do que elas pensam e isso impacta diretamente no nosso trabalho, mas tem gente que vai ser impactada de maneira positiva, gente que vai ser impactada de maneira negativa. Eu acho que abre espaço para vozes diversas como a minha, do Jhordan e do Maurício para terem diálogos diferentes, mas ao mesmo tempo eu acho que ela faz com que as pessoas que estão acostumadas a fazer algum tipo de piada que pode soar de um jeito mais ofensivo, que as pessoas tenham um pouco mais de cuidado também no seu material, mas que ativos sempre fomos, eu só acho que estamos lidando de maneiras diferentes com a receptividade do público agora”.
Jordan completa: “Eu acho que a comédia é ampla e a partir do momento que a comédia anda, a gente vai junto com ela e isso faz parte do processo, faz parte do andamento do mundo, está tudo aparecendo, tudo que não vinha à tona vem, quem bate na comédia está apanhando e isso está incomodando muita gente, a comédia está sendo feita desse tipo em um momento, pelo menos ali no meu meio, as pessoas que eu conheço, que querem fazer comédia não só pelo riso, mas pela ideia, pelo conceito, por algum outro motivo que tenha princípio na sua comédia. Então essa obrigação do comediante ficar mais criativo é positivo porque para de fazer piada de primeira linha, de primeiro pensamento. Piada de primeira linha ofende muita gente, machuca muita gente, então obrigar o comediante a pensar mais para ele poder elaborar essa piada dele que ao invés de atingir negativamente pessoas, ele poder contribuir na sociedade com a sua piada, eu acho que isso é o ponto mais importante do comediante e é isso que eu busco cada dia na minha piada com a crítica social, me colocando no lugar do outro, fazendo alguma coisa do tipo, entendendo que a piada é muito mais do que só fazer rir”.
Então Maurício completa: “Eu acho que os meus colegas falaram muito bem, eu vou parafrasear um pouco a Babu no sentido de eu acho que está igual também, eu acho que não é que está pior ou melhor, está igual, eu acho que a comédia, por ser uma arte digamos que é controversa, ela acaba caindo em várias bolhas diferentes de uma forma ou outra, mas a gente sempre teve esse problema, se que a gente diz como um problema, desse tipo de pessoas que estão no direito de reagir negativamente a alguma coisa que faça. Você vai ver que a polêmica com o Rafinha Bastos já vai completar 15 anos, então a gente sempre teve esse tipo de gente que apoia e tem gente que critica. E ao mesmo tempo eu concordo com o Jhordan porque eu acho que é interessante a gente como profissional saber fazer isso de uma forma mais profissional, se a gente tem um interesse de agradar mais pessoas, tem o interesse de ser mais vertical na comunicação, a gente tem que entender que hoje as pessoas têm mais voz. O que eu acho que é legal do programa é exatamente isso porque o Do Que Riem? entra muito bem nesse período de pulverização de público, ou seja, de nicho, hoje talvez uma piada com tema X, não agrade a plateia Y, a piada com tema Y, não agrade uma plateia com tema Z e isso é muito complexo para gente discutir porque talvez uma piada de hetero não agrada o gay, uma piada de negra não agrada o branco, uma piada de branco não agrada o ruivo e por aí vai. O que eu que o Do Que Riem? faz é exatamente isso, vamos pegar um nicho e vamos tentar entender o que esse nicho gosta, o que ele não gosta só que de uma forma leve, a gente não está indo para uma questão social, a ideia é só dar risada mesmo e observar a antropologia dessa piada porque faz sentido, tem uma antropologia por trás em diversos nichos sociais que a gente não fazia nem ideia”.
Nossa redatora, Tamira Ferreira fez uma pergunta na coletiva e você a confere por completo abaixo:
Gostaria de saber se houve alguma dificuldade ou medo na hora de se criar essas piadas especificamente para os grupos?
Jordan: Eu acho que foi um desafio, eu vou falar por mim, mas acho que qualquer outro comediante se sentiria como a gente se sentiu naquele “bagulho”. Tiveram muitos assuntos, foram sete temas, todos os temas que a gente teve, para poder criar, para poder entender, por exemplo, eu não sei falar de sertanejo, mas eu tive que falar e quando você começa a falar, você começa a ver que dá para fazer piada com aquela parada que você também consegue se sentir confortável fazendo piadas com temas que você jamais iria fazer no seu show normal. O frio na barriga era maior, o texto era de primeira, muita piada a gente foi criando no processo do programa, entendendo a parada ali, então deu esse medo, mas foi necessário para dar essa adrenalina para gente no palco. “Caramba, essa piada vai ou não vai? E aí, Babu?”, a gente conversava ali antes de entrar no programa. A gente estava gravando e estava entendendo até, sei lá, até dois programas, depois ninguém sabia quem era primeiro, quem era depois, eu estava maluco, aí era surpresa total. Foi bom, foi gostosinho, difícil na medida do comediante de ter que pensar a piada, mas eu acho que foi uma parada bem satisfatória de poder pisar em um assunto que eu não pisaria no meu comum.
Babu: Eu acho que se a pergunta foi em relação se a gente estava com medo de ofender alguma plateia, a resposta é não, porque a proposta do programa, minha e do Jordan nunca foi fazer um programa de provocação em relação a plateias, então eu acho que tanto eu quanto ele, a gente buscou, mesmo que sem. A gente não conversou nesse processo de composição de trabalho, mas quando a gente chegou no projeto final, que a gente apresentou de textos, o que tinha em comum era que a gente sempre buscou descobrir o que a gente tinha de parecido e de visão do que a gente podia compartilhar com aquela plateia, então, por exemplo, o que talvez tenha sido mais difícil para mim foi, quando a gente fala de identificação foi, por exemplo, vovós, porque as minhas vovós são um pouco peculiares, então eu falei: “Como eu trago essa visão de vovó?”. Porque a minha é diferente do que eu acho que se pensa de uma visão média de vovó. E como isso se conecta com essa plateia aqui?
Jhordan: De fato a gente trombou com vovós bem diferentes.
Babu: Trombamos vovós muito diferentes que ainda assim eram diferentes das minhas.
Jhordan: Das minhas também.
Babu: Houve a conexão, ela existiu, a gente colocou aquelas vovós para rirem, mas ainda assim você sente que, você fala: “Talvez se eu tivesse uma familiaridade melhor, tivesse sido diferente”, mas eu achei sucesso de qualquer forma.
Continuando sobre o tema das piadas, perguntaram se teve alguma plateia que foi mais difícil para os humoristas criarem as piadas.
Os dois disseram que fazer piadas para sertanejos foi o mais difícil pois era um estilo que nenhum dos dois conheciam muito bem. Jhordan também fala que sentiu dificuldade nos médicos por serem, na visão dele, uma galera muito séria e muito brava.
Maurício completa dizendo que para eles acabou tendo uma quebra de preconceitos porque eles pensavam que encontrariam um tipo de pessoa como as vovós que poderiam ser mais conservadoras: “A vovó da época que a gente era criança”. Mas na hora eles perceberam foi a plateia mais efusiva e que elas queriam muito ouvir besteira.
“O grande lance até do programa é a vivência de cada um com seu próprio tema. Embora o Jhordan e a Babu não entendam muito de sertanejo, a vivência deles sobre sertanejo é curiosa e engraçada exatamente por ser um contraponto. A Babu, por exemplo é filha de médicos, então ela arrebentou no texto sobre médicos e o Jhordan foi para um outro lado que arrebentou também”, revela o apresentador.
Eles também falaram que se sentiram bem livres para poder falar sobre qualquer coisa e não se sentiram limitados ao nicho, com medo, ou desconfortável. Babu completa que o “cuidado com o desconhecido tem sempre que ser grande”. Que quando você faz um texto sobre algo desconhecido, que para ela foi seguranças e sertanejos, fica um receio de falar algo que é um ponto de vista muito fora da referência porque ela não tinha essa vivência.
Para eles conseguirem realizar as piadas, os dois comediantes passavam um dia com aqueles grupos e eles também tinham uma pessoa responsável daquele nicho para mostrar como era a visão deles fazendo parte do grupo. Assim eles conseguiram conhecer mais da cultura, do estilo de vida e da vivência.
Além dos medos e os receios de criar as piadas, também tiveram muitos momentos de diversão que era a grande proposta do programa. Jhordan fala que foi muito legal para ele conhecer a MC Vovó Benta que era uma pessoa diferente e com uma energia surreal. Já Babu lembra sobre a experiência de estar entre os marombas e como ela pode acabou levantando um homem com mais de 100kg no leg press. Ela também amou dividir as fofocas no salão de cabelereiro. Uma mistura de diversão e trabalho para eles.
E eles completam que conseguiram no final as contas, mesmo com as polêmicas de censura e limite do humor, fazer as pessoas rirem e trazer diversão para todos os nichos. E que eles não esperavam que a recepção seria tão positiva e como a plateia estava querendo muito ouvir as piadas e rir. Assim eles também tiveram uma quebra de preconceitos e se surpreenderam.
O programa estreia na TV hoje (03) no Comedy Central às 21h30 e sai amanhã (04) no Paramount Plus.
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Foto de capa: divulgação
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